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O Conselheiro do Crime: O Pendurado negociando com A Morte




Imagine a cena: o encontro do Enforcado com a Morte. O enforcado sabe que a pessoa que mais ama deve morrer de forma cruel e dolorosa. E por sua culpa. Recorre, em desespero, à Morte. A única que poderia livrá-lo do seu destino e acabar com seu remorso. Depois de suplicar pela vida de sua amada, eis o diálogo enigmático:


Enforcado - Não sei se entende o meu lado.

Morte - Entendo, dr. Ações criam consequências que produzem novos mundos completamente diferentes. Há corpos enterrados no deserto do mundo. Corpos deixados para serem encontrados num outro mundo. Mas todos esses mundos, outrora desconhecidos, precisam ter estado sempre lá.

Enforcado - Eu não sei. Vai me ajudar?

Morte - Insisto que veja a verdade da situação em que se encontra. É meu conselho. Não cabe a mim dizer o que devia ou não devia ter feito. O mundo no qual procura desfazer os erros que cometeu é diferente do mundo onde os erros foram cometidos. Está numa encruzilhada. Quer escolher, mas não há escolha ali. Só há aceitação. A escolha foi feita há muito tempo. Não quero ofendê-lo. Mas homens que refletem demais geralmente acabam longe das realidades da vida. De qualquer forma, todos devemos preparar um lugar onde acomodar as tragédias que mais cedo ou mais tarde acontecem. Mas é um método que poucos praticam. Conhece Machado? "Caminhante não faz o caminho. O caminho o anda". Ótimo poeta. Machado era professor e se casou com uma bela mulher jovem. Ele a amava muito. Ela morreu e ele se tornou um grande poeta.

Enforcado - Não vou virar um grande poeta.

Morte - Talvez não. Mas mesmo que virasse, não adiantaria. Machado teria trocada cada palavra, poema, cada cada verso que escreveu, por mais uma hora com sua amada. Isso porque, quando se trata do pesar, as regras normais de troca não se aplicam, porque o pesar transcende o valor. Um homem daria nações inteiras para tirar o peso de seu coração, porém nada se compra com o pesar, porque o pesar não tem valor.
Roda da Fortuna



Enforcado - Por que me conta isso?

Morte - Porque continua a negar a realidade do mundo em que está. Ama sua esposa tão completamente que trocaria de lugar com ela na roda da fortuna. Não me refiro à morte, porque morrer é fácil.

Enforcado - Sim, sim, desgraçado!

Morte - É bom ouvir isso, dr.

Enforcado - Que quer dizer? Quer dizer que é uma possibilidade?

Morte - Não. É impossível.

Enforcado - Disse que eu era um homem na encruzilhada.

Morte - Sim. Da compreensão que a vida não vai levá-lo de volta. Você é o mundo que criou e, quando você deixar de existir, esse mundo que você criou, também vai deixar de existir. Mas para aqueles que sabem que estão vivendo os últimos dias no mundo, a morte adquire um significado diferente. A extinção de toda realidade é um conceito que nenhuma resignação pode conter. Então, todos os grandes projetos e todos os grandes planejamentos vão finalmente ser expostos e revelados em sua verdadeira natureza.

(Cena 25 do Conselheiro do Crime)


Exato. Não há volta. Com a Morte não se negocia. Este é todo aprendizado da passagem da carta 12 (Enforcado) para a carta 13 (Morte). Resignação sobre o que não pode ser mudado. E entendimento que não há como mudar nossas escolhas, não há como retroceder. A Roda da Fortuna vai apenas para frente. A culpa não serve para nada, não tem valor algum. E que também não há como viver uma vida que já passou. Só nos resta seguir a senda, certos que não somos nós que fazemos o caminho. Mas o caminho que nos faz andar.





 


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